17/10/2009

Efémero

Tudo está estático. Como se ele não existisse nesse momento. O mundo pode continuar sem a sua presença, e isso o confunde! Fica entre o conforto e o desprezo de seu corpo.
Sua mente está tão lúcida que pensamentos corriqueiros não têm relevância. Procura então algo em que pensar, algo para se distrair, porém não teve ânimo. Abre um livro, escuta uma música e liga para um amigo. As páginas estão em branco, o cantor está mudo e o telefone ocupado.
Acende então mais um cigarro. Observa a fumaça dançar pelos seus dedos e ir embora pela janela. Ela sempre vai pelo mesmo caminho... assim como as formigas. Irrelevante!
Sente agonia. Começa a olhar para dentro de si mesmo e vê lacunas, labirintos sem saída. Ele está acostumado com o caos, não compreende a calmaria. Pensa que se parar ficará para tras, vazio. Está sozinho em sua própria inércia. Lembra-se das últimas coisas que ouvira, tão contrárias aos seus últimos sentimentos.
Tenta compreender algo inteligível. Quer ser aceito por ser quem é, e não pelo que pensam que ele seja. Mas hoje isso não tem importância, pois todos estão lá fora e ele está só, do lado de dentro. Considera a idéia de mudar, se adequar...  quase conclui, mas a campainha toca!