Balada do Amor Perdido

Cansada de escrever sobre fracassos amorosos e dores incuráveis ela começa a se perguntar o real sentido de tudo aquilo, se é que existe um real sentido. Passa a acreditar que não existe a pessoa certa, e sim a hora certa! (Talvez quando duas almas cansadas de tentarem entender aquilo que os filmes chamam de amor passam a conviver juntas buscando o bem de si mesmas.)
Ela olha todas suas coisas e não encontra nada que mereça atenção... São, mais uma vez os cigarros vermelhos, o telefone fora do gancho, um copo de conhaque e uma janela aberta. Pensa em como mudou desde o penúltimo adeus e como o último acaba de parecer tão familiar. Escuta uma música triste, tenta lembrar que a dor vai passar e que amanhã tem de levantar cedo para trabalhar. Ela não está com sono... dormiu bem na noite passada, crédula de que o amor aproxima os homens de Deus... mas se o amor não existe, quem será Deus?
Talvez um dia ela se considere ingrata ou veja o quanto foi pequena por não entender o significado dos pequenos atos, mas hoje ela só está cansada, com medo...
Lê textos sobre Nietzsche e reforça sua idéia evolucionista, acende mais um cigarro e decide escrever sobre algo moderno mas não teve ânimo.

Recorda-se de telas de Frida Kahlo e o quanto todas as mulheres sofrem por acreditarem no amor, ou por se julgarem dignas do mesmo. Imagina se os homens algum dia entenderão quão simples são as súplicas secretas da amada e nesse marasmo de reflexões sente-se menos tola, porém não hábil a entregar-se novamente.

"As convicções são cárceres." Friedrich Nietzsche