09/09/2009

Espelho

O sentido perdeu-se entre a verdade, labirintos de palavras e sentimentos confusos. Incrédulo, ele vê seu rosto embriagado em um velho espelho de banheiro. Ás lágrimas não estão dispostas a molhar um rosto tão infame e a vergonha se perde entre as rachaduras do reflexo.
O que ele enxerga é insólito, e mesmo assim consegue ser pior do que todos os outros vêm. Se culpa por nunca ter sido capaz de dizer a verdade, tenta se arrepender de nunca tê-la contado, mas não consegue nem ao menos entender.
Imagina um futuro feliz, repleto de mentiras e falsidades, onde todos ainda vão olhá-lo e sorrir. Tenta se concentrar em sua nova vida, mas o passado sempre o persegue, está ali em cada espelho, em cada gota de chuva, em cada superfície gelada que possa refletir seus olhos.
Deseja a morte... instantânea e indolor. Sente sua respiração mais fraca em um quarto frio e ao fechar os olhos a vê chorando, tão linda e insegura, tão amável e inescrupulosa, tão fácil de ser entendida... deseja que mais uma vez, ela entre em seu quarto, deseja não vê-la mais ir embora, mas ela já se foi levando sua maior verdade.
Antes de adormecer ele se lembra de Deus, um velho homem sentado a cima de sua cabeça e tenta imaginar se assim como ela, ele se foi.
Os raios de sol invadem sua janela e ele se recusa mais uma vez a olhá-los, ele não se levanta, ainda esta vivo e não pode se salvar.

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