19/11/2009

No quarto...

Ela estendeu a mão, ele virou-se e resumiu todo anseio em um olhar. Fecharam os olhos e beijaram-se.
Na ânsia infinita de cessar uma saudade que percorria os cômodos da casa, as roupas foram deixadas de lado.
A luz era tenra e a música suave. Um vento fino passeava entre seus corpos, agora tão juntos.
Queriam falar, expressar o êxtase desse reencontro, mas a sintonia dispensava certos caprichos.
Os olhos, mesmo fechados podiam ver e as mãos descreviam todas as palavras que dois corações reprimidos, agora podiam expressar.
Amaram sem se preocupar com o tempo, sem se preocupar com o final da melodia. Que os vizinhos escutassem, sem nenhum pudor a proclamação máxima do amor!
Sussurros ingênuos entre aqueles amantes em uma noite quente. O suor percorria as curvas e deitava junto ao lençol azul. A luz azul e a janela aberta.
Uma nostalgia insólita e plausível percorreu mais uma vez o quarto.
O gosto do conhaque na boca misturava-se com o amargo do cigarro. Não incomodava, esse era o gosto daquele amor infame e proibido.
Hoje eles eram livres, permitiram-se toda forma de afeto. E então adormeceram entrelaçados com a vontade de não mais acordar.

Um comentário:

Paulo disse...

meio Nelson Rodrigues esse né?! hauHAuHUA, lindo..