26/04/2010

Infinito

As noites não têm sido longas. Adormeço facilmente, tentando afastar idéias cada vez mais concretas. Os minutos que teimam em não findar. Aqueles em que me distraio do real e deixo que sua imagem assombre o que sinto de mais belo.
A ausência deve ser, entre todos sentimentos, o menos agradável e, quando é carregada pela dúvida do simples não saber, torna-se cruel.
Preciso que o tempo passe. Que lembranças se desfaçam e que a força torne a pulsar.
Não tenho pressa.
A esperança de encontrá-lo pelo caminho com o coração intacto ainda é minha melhor perspectiva.
Mas como dói o não saber.
Sinto, como se não tivesse o direito de teorizar. Você partiu e clamou para que eu esquecesse. Tirasse da memória algo que lhe parecia inconveniente. Posso manter-me ausente e ainda assim, sinto-me inconveniente.
Perco-me entre a fé e a omissão. Entre o rancor e o perdão.
Não sou tão íntegra a ponto de aceitar a derrota, mesmo que a guerra tenha chegado ao fim e eu não possa mais lutar. Talvez eu tenha vencido apenas meus demônios, noite por noite, ao adormecer com o não saber.
Mas indago quais serão os louros deste meu triunfo. Tão sem propósito e sem glória. Não me traz nenhuma verdade, se não a que teimo em descartar.

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