01/05/2011

Inverno


Mentiria se dissesse que estou feliz porém não devo encarecer a infelicidade.
A calma, a falta do querer, a apatia que me incomodam. Eu, sempre tão intensa em meus sentimentos, tão excessiva em meus atos estou apenas observando com impassibilidade o que deveria ser minha nova predilecção.
A maturidade traz uma certa segurança. A aprovação dos outros dignifica o sofrimento, enaltece a renuncia mas não floreia a alma.
Acordo em agonia pelo não saber, ou por saber demais e não esperar o novo. Passo dias a esperar o exato dia a ser namorada. O cortejo frio e vestido de escrúpulos, mantém o meu, vivo demais. Reveste um corpo que deveria estar nu.
Devo respeitar o medo. Não julgar o que desconheço e calar-me diante de uma história que não vivi. Procuro não me entregar a braços tão frágeis mas as vezes me pego aninhando-me nesse colo.
                                          Não sofro. Não amo. Posso dizer então que não vivo?
Dizem que agora eu aprendi a viver. Imagino que por não incomodar os outros com exagerada felicidade ganho em troca a admissão.
Sinto falta do calor. O inverno promete ser frio!



Um comentário:

Tiago Mikael Garcia disse...

Quando algumas palavras se encontram e exprimem alguma coisa do que sentimos é natural da beleza das frases escritas... Me inspiras a escrever, o sentimento guardado é mais do que mera conjunção pra mim, mesmo quando coloco ficção pra não deixar tudo tão às claras. Já falei que escreves bem? Já disse que eu sofro?

Que venha o frio!