22/09/2010

Aquilo que chamam 'amor'

É o desespero nos olhos de uns e o desprezo na voz de outros que me assusta. A solidão tornou-se moda, uma tendência progressista do que querem intitular como ‘neoliberdade’.
E eu me sentia inserido nesta revolução.
Acostumei-me a não presença após um relacionamento intenso e com mais liberdades do que a maioria poderia aceitar e ainda assim descobri o amor.
Pudera um homem continuar amando uma mulher que se deixa levar por outros braços, mas que com suas próprias pernas retorna ao lar? Eu a amei, incondicionalmente. Mas não é sobre o passado que quero tratar.
Vejo-me hoje apenas com alguns livros, café, meus eternos cigarros e se não bastasse, com a permanente queixa da solidão.
Penso ter um amor, que ao longe mantém a incerteza da reciprocidade.
Por vezes caio na promiscuidade alegando as mais diversas ultrajas.
E assim passam-se os anos.
Não posso dizer com certeza se faço parte dessa convergência, mas sei que ela não é natural a maioria destes.
Estar só não exige explicações, não faz de você mais moderno e muito menos, faz com que seus amigos lhe amem mais.
Não ter em quem pensar antes de dormir está longe de ser uma prova infinita de auto-estima. E desprezar o amor não fortalece nenhuma alma.
Se fosse, não veria tantas lágrimas por trás de olhos desesperados pelo reconhecimento. Não escutaria tantas vozes vociferando injúrias de amor.
Confesso que aprendi a caminhar sozinho somente quando, não mais esperei, que alguém mostrasse a direção!
São encruzilhadas nocivas que esqueceram de colocar no manual do homem moderno...

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